sábado, 28 de março de 2009

Viagem à Antártida requer coragem, paciência e dinheiro

MARCELO LEITE da Folha de S.Paulo, na Antártida

Além de tolerância ao frio, o adepto de turismo radical que quiser conhecer a Antártida precisa ter bolsos cheios, poucos compromissos e muita paciência mesclada com coragem.
Somados aos percalços de qualquer viagem, imprevistos provocados pelo clima caprichoso da região podem atrasar partidas e chegadas em dez dias ou mais, obrigando o visitante a uma internação forçada em lugares como Punta Arenas, que não é bem a cidade mais atraente do mundo.
Foi isso que aconteceu em meados de dezembro com um grupo de 49 clientes da empresa americana Antarctic Logistics and Expeditions (ALE), única a levar turistas para o interior do continente, ao acampamento de montes Patriot, a pouco mais de 1.000 km do polo Sul. Todos haviam chegado a Punta Arenas contando embarcar no dia 16, mas só partiram dez dias depois.
Toni Pires/Folha Imagem
Turista austríaco faz "kite-ski" nos montes Patriot, localizados no continente gelado
Pavel Bém, prefeito de Praga (República Tcheca), médico e aventureiro, desistiu e voltou para seus afazeres. Não se sabe se Bém conseguiu reaver o dinheiro pago para escalar o maciço Vinson, um pacote que custa US$ 33.450, mas não deve ter sido fácil.
Todos que embarcam no voo do jatocargueiro Ilyushin-76DT para Patriot assinam contratos em que a ALE se reserva o direito de mudar tudo a qualquer momento, em nome da segurança dos passageiros e por motivo de força maior (leia-se clima), sem direito a restituição integral. Seus clientes também precisam de uma apólice de seguro no valor de US$ 300 mil para remoção, em caso de acidente ou doença graves (o acampamento tem dois médicos de plantão). Tudo isso para passar vários dias ou semanas dormindo em barracas para duas pessoas, diretamente sobre o gelo, sem direito a água encanada (em português claro, sem banho).
Navio
A ALE, no entanto, é o meio menos usado pelos mais de 46 mil viajantes que visitam a Antártida a cada verão. Só 270 recorreram à empresa e desembarcaram de avião no continente gelado na temporada 2008/9, 177 deles para escalar o maciço Vinson, montanha mais alta do continente (4.892 m).
A maioria vai de navio, e apenas dois terços desembarcam em terra firme (ou gelo firme). Recomenda-se aos navegantes buscar uma empresa filiada à Associação Internacional de Operadores de Turismo Antártico (Iaato), que subscreve as regras ambientais do Tratado da Antártida -são 44. Recentemente, operadoras com menos experiência na região têm levado grandes navios para a Antártida, alguns com mais de 2.000 passageiros, tendência que preocupa membros do tratado.
Uma das companhias mais especializadas é a Polar Cruises, que trabalha com 18 embarcações de quatro tipos: quebra-gelos, navios de luxo, navios de expedição e navios de aventura, com capacidades variando entre 45 e 120 passageiros. Dependendo do itinerário e das acomodações, o preço pode variar entre US$ 4.000 e US$ 38.000, com partidas da América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. De navio o visitante não vivencia as condições extremas do continente experimentadas pelos primeiros exploradores e pelos turistas da ALE, mas pelo menos o banho quente é garantido.
Os pontos mais visitados são ilhas e baías na região da península Antártica, o braço que se projeta em direção à América do Sul. Nem 1% das visitas chega ao continente, menos ainda nos pontos históricos como a região da baía de McMurdo, de onde saíram duas expedições de Robert F. Scott e uma de Ernest Shackleton, no começo do século 20. Só 338 brasileiros -0,7% do total de turistas- visitaram a região entre 2007 e 2008, segundo estatísticas da Iaato. A maioria dos turistas vem de países mais ricos, como EUA (36%), Reino Unido (16%) e Alemanha (11%).
Nos últimos três verões, o fluxo cresceu mais de 50% e já começa a preocupar pelo impacto ambiental. Embora haja regras estritas sobre retirada de lixo e dejetos e trato com animais selvagens, não há fiscalização no continente.
Turismo na Antártida, além de riscos para ecossistemas ainda pouco conhecidos, traz também perigo para o próprio visitante. Em 17 de fevereiro, o navio dinamarquês Ocean Nova, fretado pela empresa americana Quark Expeditions, encalhou na baía Marguerite, no lado oeste da península Antártica, com 105 pessoas a bordo. Todas foram retiradas pelo navio Clipper Adventurer, a serviço da mesma empresa, mas muitas devem ter tido pesadelos, lembrando do filme "Titanic".
Arte/Folha

Guiné-Bissau lança site para promover o turismo no país

da Lusa, em Bissau

O governo da Guiné-Bissau lançou oficialmente nesta terça-feira, com o apoio da organização holandesa SNV, o site www.minturgb-gov.com, dedicado ao turismo no país e a potenciais investidores internacionais.
"Este portal eletrônico dedicado ao turismo proporcionará o interesse dos turistas internacionais e da própria diáspora guineense na descoberta da realidade turística nacional", afirmou a ministra do Turismo e Artesanato, Lurdes Vaz, na cerimônia de apresentação oficial da página.
Divulgação
Área das ilhas Urok, em Guiné-Bissau, foi declarada integrante da reserva da biosfera pela Unesco no ano de 1996
"Nessa perspectiva, servirá também de instrumento potencializador de investimentos internacionais pois disponibiliza ao investidor o essencial das informações que possam contribuir na sua atração", frisou a ministra guineense.
Segundo a responsável pela pasta do Turismo na Guiné-Bissau, o site servirá igualmente para "incrementar o desenvolvimento econômico, promover o progresso social e lutar contra a pobreza".
No site, os interessados em viajar ou investir na Guiné-Bissau encontraram informações geográficas sobre o país, cultura, parques naturais, ofertas turísticas e um guia de hotéis, restaurantes, farmácias e clínicas.
Divulgação
Arquipélago de Bigajós é um dos principais atrativos turísticos de Guiné-Bissau, que recebe cerca de 15 mil turistas anualmente
A página na internet disponibiliza também os contatos do Ministério do Turismo de Guiné-Bissau.
De acordo com os dados mais recentes, disponibilizados on-line na página do Ministério do Turismo, entraram em 2007 no aeroporto Osvaldo Vieira, na cidade de Bissau, cerca de 15 mil turistas. Metade desse fluxo é de africanos.
A SNV é uma organização de origem holandesa dedicada ao desenvolvimento e, nos países lusófonos, já tem projetos em curso em Moçambique.

Diárias de hotéis registram queda em todo o mundo

da France Presse, em Paris

A queda dos preços das diárias nos hotéis se acelerou em todo o mundo, alcançando uma média de 12% no último trimestre de 2008 --seu nível mais baixo em quatro anos--, segundo o índice de preços do site de reservas on-line Hotels.com, publicado nesta terça-feira.
"A queda dos preços afetou principalmente a América do Norte (12%), depois a Europa, o Caribe e finalmente a América Latina", indicou David Roche, presidente do Hotels.com, citado no estudo. "2009 será sem dúvida o ano para viajar com pouco dinheiro", concluiu.
Em Nova York, o preço médio caiu 16%, mas a cidade continua entre as mais caras do mundo --uma média de US$ 253 (R$ 575) o quarto.
As quedas mais fortes foram registradas em Mumbai (38%) e Nova Déli (36%), ambas na Índia, Las Vegas (30%), nos Estados Unidos, e Reykjavík (27%), na Islândia.
Na França, a queda foi de 3%, a 94 euros (R$ 290) a diária em média. Somente cidades como Deauville (132 euros; R$ 405) e Paris (119 euros; R$ 365) mantêm preços superiores aos 100 euros (R$ 306).
Já a queda no Reino Unido foi de 24%.
Média europeia
A diminuição dos preços das diárias em todas as cidades europeias foi de uma média de 10% no último trimestre de 2008, quando se acelerou a crise econômica e financeira mundial.
Em Moscou, a queda de preços foi de 16%.
O indicador Hotel Price Index (HPI) do Hotels.com é uma filial da operadora turística americana Expedia, que agrupa os dados de 68.000 hotéis em mais de 12.500 destinos no mundo. As tarifas assinaladas correspondem aos preços pagos pelos usuários do site.

Em reforma, Lisboa busca definição entre o novo e o restaurado

MARY PERSIA editora de Turismo da Folha Online

Há cerca de 20 anos a capital portuguesa se transformou num canteiro de obras que não têm hora para acabar. Com restauros e novas construções aqui e ali, Lisboa tem trabalhado para tirar o pó do velho e iluminar o novo --como o futuro trem-bala Lisboa-Madri e o terminal de cruzeiros.
Lisboa recebe anualmente 2,5 milhões de turistas estrangeiros --desses, 180 mil são brasileiros. Perdeu cerca de 20% de ocupação de leitos de hotéis desde outubro passado, mas continua sendo atraente pelo preço inferior ao de outras capitais do Velho Continente.
Divulgação
Irmão menos abastado da União Europeia, o país se beneficiou da entrada no grupo (ocorrida em 1986) com a chegada de mais investimentos para a conservação de seu patrimônio histórico e para a criação de outros atrativos turísticos. Um movimento que pode ter ficado mais lento com a crise, mas não sofreu revés.
O Rossio (ou praça D. Pedro 4º) foi restaurado no início desta década. Situado na Baixa Pombalina, é um dos pontos centrais da vida lisboeta. Outros locais passam pelo mesmo processo, como a Praça Imperial, atualmente fechada ao trânsito para sua recuperação.
"Tivemos em Lisboa a Expo 98 [Feira Universal] e houve muitos investimentos que se prolongaram", relata Vitor Costa, diretor-geral da ATL - Associação Turismo de Lisboa. "E entramos agora em uma outra época de investimentos."
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A cidade está envolta em dois grandes projetos de transporte: um novo aeroporto e o trem-bala que irá de Madri a Lisboa em duas horas. O tempo de viagem de trem será o dobro da aérea, mas sem check-in. A viagem inaugural deve ocorrer em 2013.
As novidades vêm também por mar. Segundo Costa, 19 quilômetros de litoral estão sob investimento atualmente, incluindo a construção de um terminal para cruzeiros entre a Alfama e a Baixa, na zona central.
Parque, descanso e quitutes
Justamente para a Expo 98, 11 anos atrás, foi construído o Parque das Nações, oásis futurista situado em uma antiga zona industrial à beira do rio Tejo. O local mantém instalações voltadas à cultura e à ciência, como o Oceanário (o maior da Europa, com exemplares dos cinco oceanos) e o Pavilhão do Conhecimento, espécie de Estação Ciência crescida e turbinada.
Quem preferir a Lisboa tradicional pode descansar e repor as energias no café A Brasileira, no Chiado, e na Confeitaria Nacional, na Baixa --pontos obrigatórios para o visitante.
A busca de quitutes inclui, claro, uma passagem pelo berço do mais famoso doce português. A Antiga Confeitaria Ria de Belém é facilmente identificável pelos toldos azuis em um endereço difícil de errar: rua Belém, 84, no bairro de Belém. Os funcionários do local fazem questão de informar que apenas lá se come o verdadeiro pastel de belém. O restante é pastel de nata